sexta-feira, 9 de junho de 2017

FESTAS JUNINAS

No Rio Grande do Sul as FESTAS DE JUNHO estão ligadas ao solstício de inverno e são quatro, os santos do mês: Santo Antonio (13), São João (24) e São Pedro e São Paulo (29).

São festas importantes no calendário gaúcho e sua alegria não tira a seriedade das comemorações. O que se deve impedir – e o tradicionalismo está vencendo essa batalha – é a aparição de festas caipiras, que de caipiras não tem nada e visam colocar em ridículo um tipo humano brasileiro de cultura tão importante como o gaúcho, que já mereceu estudos sérios de homens como Mário de Andrade, Amadeu Amaral e Alceu Maynard Araújo. E se dizer que houve um tempo em que sociedades importantes e escolas sérias realizavam até os famigerados “casamentos na roça” em nosso Estado!

As verdadeiras festas juninas no Rio Grande do Sul são as seguintes:

SANTO ANTONIO – Comemora-se a 13 de junho e, em certos municípios – como Mostardas e Tavares – manifestam-se os Ternos, hoje com menor intensidade. Embora esses cantores ambulantes lembrem os clássicos Ternos de Reis, os versos que cantam deixam bem claro o santo que evocam. O normal é se fazer a festa de Santo Antonio no dia que lhe é consagrado no calendário gregoriano, acendendo a fogueira no entardecer do dia 13 e, a partir daí, realizando as costumeiras provas de amor, jogo de prendas e salto sobre as brasas. Ultimamente, porém, está se verificando a tendência de se comemorar o dia de Santo Antonio no Dia dos Namorados (12 de junho), de inspiração comercial.

SÃO JOÃO – É a festa junina mais popular no Estado, com os gaúchos acendendo fogueiras em incontáveis municípios. Ocorre, porém, frequentemente um erro: as fogueiras são acesas na véspera de São João e não, como deveria ser, à tarde do dia 24 de junho. A roupa adequada para essa ocasião é a gauchesca de festa. A comida é a galinha frita, assada ou com arroz, nas brasas da fogueira, seria um desrespeito ao santo. Bebe-se cachaça, quentão, jacabua ou capilé. Conta-se que na antiga Judéia as primas Isabel e Maria estavam grávidas e moravam em casas distantes. A primeira que ganhasse bebê deveria anunciar a boa nova à outra, acendendo uma fogueira na frente da própria casa. Santa Isabel ganhou o filho, que será São João Batista, primeiro e cumpriu o prometido e até hoje os gaúchos acendem fogueiras, anunciando a vinda do santo. Tem-se, porém, que “acordar” São João, porque à noite, é claro, ele dorme no céu. Por isso explodem foguetes e bombas. O secular costume de soltar balões está em desuso, no Estado. São João tem o seu Terno, com versos próprios. Na festa de São João em várias cidades, quando realizada pelo padre, acontecem os tradicionais “leilões” (galinha, leitão), “pescaria” etc... Quando a festa é espontânea ocorrem jogos de prendas, baile e provas de amor e saúde, algumas destas à meia-noite em ponto.

SÃO PEDRO – O santo guardião das chaves, porteiro de céu, é o padroeiro do Rio Grande do Sul. A Estância da Poesia Crioula, academia de letras do gauchismo, realiza todos os dias 29 de junho a festa máxima. Hoje quase não se acedem as fogueiras de São Pedro e raramente aparece o Terno desse santo.

AS FOGUEIRAS – As fogueiras juninas merecem uma consideração aparte. A de Santo Antonio é quadrada. A de São João, redonda. A de São Pedro, Triangular. O festeiro escolhido para comandar os festejos de qualquer um dos santos de junho deve escolher um bom capitão de Mastro e um bom Alferes da Bandeira, os quais organizarão a fogueira, tratarão da implantação do mastro para a bandeira e mandarão confeccionar (onde ainda não existir) a própria bandeira. É adequado, também, fincar-se um pau-de-sebo no local da festa, para a diversão do piazedo. A fogueira centralizada a festa. Mesmo depois de extinta, os namorados, de mãos dadas, ainda pulam por cima de suas brasas.


ASSIM SÃO – E ASSIM TEM QUE CONTINUAR – COMEMORADAS NO RIO GRANDE DO SUL AS FESTAS DOS SANTOS DE JUNHO, AS FESTAS JUNINAS.

Fonte Livro "Curso de Tradicionalismo Gaúcho", de Antonio Augusto Fagundes. Martins Livreiro Editor, 1995.

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Ana Claudia - Comunicação 9ª RT