No Rio Grande do Sul as FESTAS DE
JUNHO estão ligadas ao solstício de inverno e são quatro, os santos do mês:
Santo Antonio (13), São João (24) e São Pedro e São Paulo (29).
São festas importantes no
calendário gaúcho e sua alegria não tira a seriedade das comemorações. O que se
deve impedir – e o tradicionalismo está vencendo essa batalha – é a aparição de
festas caipiras, que de caipiras não tem nada e visam colocar em ridículo
um tipo humano brasileiro de cultura tão importante como o gaúcho, que já
mereceu estudos sérios de homens como Mário de Andrade, Amadeu Amaral e Alceu
Maynard Araújo. E se dizer que houve um tempo em que sociedades importantes e
escolas sérias realizavam até os famigerados “casamentos na roça” em nosso
Estado!
As verdadeiras festas juninas no
Rio Grande do Sul são as seguintes:
SANTO ANTONIO – Comemora-se a 13
de junho e, em certos municípios – como Mostardas e Tavares – manifestam-se os
Ternos, hoje com menor intensidade. Embora esses cantores ambulantes lembrem os
clássicos Ternos de Reis, os versos que cantam deixam bem claro o santo que
evocam. O normal é se fazer a festa de Santo Antonio no dia que lhe é
consagrado no calendário gregoriano, acendendo a fogueira no entardecer do dia
13 e, a partir daí, realizando as costumeiras provas de amor, jogo de prendas e
salto sobre as brasas. Ultimamente, porém, está se verificando a tendência de
se comemorar o dia de Santo Antonio no Dia dos Namorados (12 de junho), de
inspiração comercial.
SÃO JOÃO – É a festa junina mais
popular no Estado, com os gaúchos acendendo fogueiras em incontáveis
municípios. Ocorre, porém, frequentemente um erro: as fogueiras são acesas na
véspera de São João e não, como deveria ser, à tarde do dia 24 de junho. A
roupa adequada para essa ocasião é a gauchesca de festa. A comida é a galinha
frita, assada ou com arroz, nas brasas da fogueira, seria um desrespeito ao
santo. Bebe-se cachaça, quentão, jacabua ou capilé. Conta-se que na antiga
Judéia as primas Isabel e Maria estavam grávidas e moravam em casas distantes.
A primeira que ganhasse bebê deveria anunciar a boa nova à outra, acendendo uma
fogueira na frente da própria casa. Santa Isabel ganhou o filho, que será São
João Batista, primeiro e cumpriu o prometido e até hoje os gaúchos acendem
fogueiras, anunciando a vinda do santo. Tem-se, porém, que “acordar” São João,
porque à noite, é claro, ele dorme no céu. Por isso explodem foguetes e bombas.
O secular costume de soltar balões está em desuso, no Estado. São João tem o
seu Terno, com versos próprios. Na festa de São João em várias cidades, quando
realizada pelo padre, acontecem os tradicionais “leilões” (galinha, leitão),
“pescaria” etc... Quando a festa é espontânea ocorrem jogos de prendas, baile e
provas de amor e saúde, algumas destas à meia-noite em ponto.
SÃO PEDRO – O santo guardião das
chaves, porteiro de céu, é o padroeiro do Rio Grande do Sul. A Estância da
Poesia Crioula, academia de letras do gauchismo, realiza todos os dias 29 de
junho a festa máxima. Hoje quase não se acedem as fogueiras de São Pedro e
raramente aparece o Terno desse santo.
AS FOGUEIRAS – As fogueiras
juninas merecem uma consideração aparte. A de Santo Antonio é quadrada. A de
São João, redonda. A de São Pedro, Triangular. O festeiro escolhido para
comandar os festejos de qualquer um dos santos de junho deve escolher um bom
capitão de Mastro e um bom Alferes da Bandeira, os quais organizarão a
fogueira, tratarão da implantação do mastro para a bandeira e mandarão
confeccionar (onde ainda não existir) a própria bandeira. É adequado, também,
fincar-se um pau-de-sebo no local da festa, para a diversão do piazedo. A
fogueira centralizada a festa. Mesmo depois de extinta, os namorados, de mãos
dadas, ainda pulam por cima de suas brasas.
ASSIM SÃO – E ASSIM TEM QUE
CONTINUAR – COMEMORADAS NO RIO GRANDE DO SUL AS FESTAS DOS SANTOS DE JUNHO, AS
FESTAS JUNINAS.
Fonte Livro "Curso de Tradicionalismo Gaúcho", de Antonio Augusto Fagundes. Martins Livreiro Editor, 1995.
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Ana Claudia - Comunicação 9ª RT